#3 De Volta aos Ramos

Lendo ao Pé da Letra — “Ingênuo” o Suficiente para Crer?


“Assim diz o Senhor:

O céu é o meu trono,

e a terra, o estrado dos meus pés.

Que casa me edificareis?

E qual será o lugar do meu descanso?

Mas para este olharei:

para o humilde e contrito de espírito,

e que treme da minha palavra.”

— Isaías 66:1–2



As Escrituras podem nos oferecer duas maneiras de ler este final da profecia de Isaías.


Uma delas é retórica. Deus está no controle. Ele não pode ser contido em templos nem em esforços humanos. Então damos de ombros:

— “O que posso fazer?”

Esse é o caminho dos “congelados escolhidos” — satisfeitos em acenar à soberania de Deus enquanto permanecem à margem.


Mas se lermos literalmente, tudo muda. Deus está dizendo:


“Estou procurando alguém.”

Ele vasculha a terra, não em busca de teologia perfeita ou sistemas impecáveis, mas de pessoas humildes que realmente tremem diante da Sua Palavra.

Isso não é passividade — é um chamado.


E com toda a conversa sobre arrebatamento, devemos reconhecer que a salvação não é apenas uma visão mística privada ou uma fuga, mas uma vindicação pactual e compartilhada do povo de Deus em união com o Messias como Seu corpo.


É isso que faz de alguém um discípulo — e um missionário:

“ingênuo” o suficiente para levar Deus ao pé da letra.

“Ingênuo” o suficiente, após ver Sua glória como Isaías no capítulo 6, para responder quando o Santo pergunta:


“A quem enviarei?”

“Ingênuo” o suficiente para crer — com a fé infantil que Jesus elogia em Mateus 18:3 — que o mundo importa, que as pessoas importam, e que o Deus que de nada precisa — HaShem, o Eterno — escolheu agir por meio de nós e conosco, apesar de nossas diferenças.


Isaías não é apenas mais um profeta — ele é o mais importante profeta escatológico.

Sua visão se estende das nações em fúria (Isaías 2), ao trono de Deus (Isaías 6), passando pelo Servo Sofredor (Isaías 53), o Ungido que anuncia boas novas (Isaías 61), e o Vingador que vem de Edom com vestes manchadas de juízo (Isaías 63).

Quando chegamos a Isaías 66, estamos à porta da era de Jesus de Nazaré, quando Herodes, o edomita, reconstruiu o Templo como monumento ao seu próprio poder — e Jesus nos revelou o verdadeiro!


Naquele momento, as palavras de Isaías rompem a grandiosidade da pedra e da política:


“O céu é o meu trono e a terra o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis?”

Deus não se impressiona com o templo de Herodes nem com qualquer império humano.

Ele procura pessoas — humildes, contritas, que tremem diante da Sua Palavra.


E é aqui que tudo muda. Isaías 66 mostra que a decisão está em nossas mãos.

Não porque nos salvamos a nós mesmos, mas porque a soberania de Deus se expressa através da fé e da obediência de Seu povo.

As profecias de Isaías convergem no Messias, e por meio dEle começa a expansão do povo de Deus para todas as nações.


Por isso, um missionário é “ingênuo” o suficiente para levar Isaías ao pé da letra.

“Ingênuo” o suficiente para crer que o Servo ferido de Isaías 53 realmente cura.

“Ingênuo” o suficiente para crer que as boas novas de Isaías 61 são para os pobres e oprimidos.

“Ingênuo” o suficiente para crer que a vitória de Isaías 63 é real — até sobre Edom.

E “ingênuo” o suficiente para crer que Isaías 66 nos chama a agir agora.


Leia-o de forma retórica, e você ficará congelado enquanto templos se erguem e caem.

Leia-o literalmente, e você será enviado com a própria missão do Servo.


Recuperando o Movimento Inicial da Aliança que Gerava Fruto




A linguagem de “ramos” vem diretamente dos lábios de Jesus:
“Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto”
(João 15:5)

Quando as primeiras reuniões da Aliança Cristã e Missionária foram formadas, elas não eram chamadas de igrejas. Eram chamadas de ramos. Essa distinção — sutil à primeira vista — é profundamente teológica e talvez seja a chave para recuperar a vocação original da Aliança como um movimento, e não uma denominação.
Não é a linguagem da instituição.

É a linguagem da permanência, da dependência, da vida fluindo diretamente da Fonte.

Ao se chamarem ramos, os primeiros crentes da Aliança enfatizavam algo profundo: eles não estavam erguendo monumentos nem organizando hierarquias — estavam crescendo a partir do próprio Cristo.

Sua identidade não estava presa a prédios, programas ou denominações. Estava enraizada em um relacionamento vivo com a Videira.

Com o tempo, à medida que os movimentos envelhecem, tendem a derivar para a autopreservação.

A dependência radical do ramo pode se endurecer na burocracia do conselho.

A espontaneidade frutífera da videira pode ser substituída pela poda administrativa da organização.

O “movimento” desacelera, consolida-se e se torna, ironicamente, aquilo que um dia existiu para reformar.

A Aliança não está isenta dessa tentação.

Mas ainda há tempo para voltar.
Um ramo implica movimento.
Ele cresce para fora.
Segue a luz.

Dá fruto não para sua própria sobrevivência, mas para o bem dos outros.
Os primeiros aliancistas entendiam isso. Por isso sua visão era global, sua mensagem urgente, e seus encontros simples, porém catalisadores.

O Evangelho Quádruplo de A.B. Simpson — Jesus como Salvador, Santificador, Curador e Rei Vindouro — pulsava pelos ramos como sangue vivo, não como doutrina abstrata, mas como realidade encarnada.

Além disso, o termo ramo carrega um peso messiânico.

As Escrituras Hebraicas falam de um “Ramo” vindouro (hebraico: Tzemach) que trará justiça e restaurará o trono de Davi (Jeremias 23:5; Zacarias 6:12).

Os primeiros crentes da Aliança sabiam que suas reuniões não eram apenas expressões de fé — eram extensões do próprio Messias.

Sua missão era ser as mãos e os pés do Ramo Justo, levando Seu caráter e autoridade a todas as nações.

Paulo fala em Romanos 11 de ramos bravos de oliveira sendo enxertados na oliveira cultivada.

Isso não trata apenas da inclusão dos gentios.

É sobre o propósito de Deus em formar um povo diverso e frutífero, humilde e dependente, consciente de que a vida vem da Raiz — não de seus próprios planos.
Sob essa luz, o impulso missionário da Aliança não é meramente prático. É teológico.

Reflete o coração de um povo que sabe ter sido enxertado e deseja ver outros ligados à mesma Fonte de vida.

Então, o que significa hoje voltar aos ramos?

•Significa recuperar a postura espiritual de permanecer, e não apenas de construir.

•Significa resistir à força do institucionalismo e retornar à simplicidade da dependência.

•Significa medir a frutificação não por números ou orçamentos, mas por vidas transformadas e obediência guiada pelo Espírito.

•Significa permitir que Deus nos emende — não para destruir, mas para renovar.
Talvez a Aliança esteja sendo chamada de volta às suas raízes — não à nostalgia, mas à vitalidade.

Não a um modelo antigo, mas à Videira viva.

Não é um chamado para desmontar estruturas por si só, mas para realinhá-las ao propósito.

É um chamado à reforma, não à retirada.

Um chamado ao movimento, não ao monumento.

No fim, os ramos não se esforçam. Eles descansam. Eles recebem.
E frutificam naturalmente, porque estão ligados a algo maior.
É essa visão que precisamos novamente.

De volta aos ramos — de volta à Videira — de volta ao movimento que gera fruto.


Estrutura Missionária
Nos primeiros escritos missionários da C&MA, o termo ramo também era usado de forma prática:

• Para se referir a postos avançados, estações missionárias ou igrejas emergentes conectadas ao esforço central da missão.

• Um ramo ainda não era uma igreja totalmente autônoma, mas parte de um movimento em crescimento — exatamente como A.B. Simpson sonhava: com flexibilidade e expansão.


Evitando a Linguagem Denominacional
Simpson frequentemente resistia a chamar a C&MA de uma denominação — ele preferia a linguagem de movimento.

Assim, em vez de falar em “implantação de igreja” ou “igreja local”, a palavra ramo soava mais fluida, missionária e não institucional, combinando com seu foco em “trazer de volta o Rei” por meio de uma missão empoderada pelo Espírito.

👉 
Para um estudo mais aprofundado em inglês






Pré-Milenismo ou Era Pré-Messiânica?


Recuperando a urgência de A. B. Simpson e a esperança profética

Por que a visão de Simpson sobre o Reino ainda importa



Introdução


No recente Concílio da Christian and Missionary Alliance (C&MA), em Columbus, Ohio, 2025, os delegados reafirmaram uma compreensão pré-milenista da volta de Cristo.


Embora não surpreendente, essa decisão reafirma um ponto central do nosso movimento: a convicção de que uma vindoura Era Messiânica permanece no coração da esperança tanto das Escrituras quanto da Igreja primitiva.


Contudo, aquilo que não foi esclarecido é igualmente importante. Não se distinguiu entre o pré-milenismo histórico — posição do nosso fundador, Dr. A. B. Simpson — e os esquemas dispensacionalistas mais rígidos da mesma época. Estes se transformaram em sistemas geopolíticos posteriores, fortemente moldados por leituras “planas” (ou fáceis) do Apocalipse de João, e continuam a dominar grande parte do imaginário evangélico popular.

Mas a voz de Simpson era diferente. E é precisamente essa voz que precisamos recuperar hoje.



Primeira Imminência e a Missão de Simpson


Como enfatiza acertadamente Franklin Pyles, a escatologia de Simpson nunca foi teórica. Era profundamente prática e enraizada na missão. Ele cria no que poderíamos chamar de Primeira Imminência — não apenas a crença de que Cristo voltaria em breve, mas que Sua volta estava próxima de modo a exigir obediência urgente. Para Simpson, a iminência não era um cronograma especulativo; era um chamado à ação fiel.


“Este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações; e então virá o fim.” — Mateus 24:14


Esse versículo não era pano de fundo à teologia de Simpson — era o seu coração pulsante. “O Rei Vindouro” não era apenas um rótulo doutrinário; era a força motriz por trás da missão global da Aliança. Em The Fourfold Gospel, Simpson nomeou Jesus como Salvador, Santificador, Curador e Rei Vindouro. Mas esse título final nunca foi sobre um escapismo apocalíptico — e sim um convite à mobilização urgente, mundial, e à preparação para o Reino.


Alguns temiam que esse foco na volta de Cristo distraísse da missão. Na verdade, ele a alimentou. Eis o que Simpson ajudou a corrigir: a ideia de que escatologia enfraquece a missão. Quando bem enquadrada, ela a fortalece. O que devemos rejeitar é uma escatologia “fácil” — aquela que evita a profundidade simbólica da Escritura por medo de “complicar a agenda”.

Como diz o Senhor: “Os meus caminhos não são os vossos caminhos” (Is 55:8).


O Apocalipse nos convida não a prever, mas a perceber — a ler o símbolo com fé e viver com santa imaginação. A visão de Simpson nos chama a pensar profundamente, agir com ousadia e proclamar criativamente. O Reino não está apenas vindo. Ele já está irrompendo.



Por que a História segue e segue?


Hoje, o fluxo global de notícias é implacável — conflito, catástrofe, colapso. Rolamos tragédias sem fim e nos perguntamos: Alguma coisa vai realmente mudar? A história se arrasta, aparentemente sem resolução à vista.


Mas essa não é uma pergunta nova. O apóstolo Pedro já falava disso há muito:


“Onde está a promessa da sua vinda?” — 2 Pedro 3:4


Não perguntamos isso com escárnio, mas com lamento. Clamamos como quem espera o cumprimento da história.


Simpson responderia a esse clamor da mesma forma que respondeu há mais de um século:


A história continua porque uma profecia permanece por cumprir — uma promessa ainda arde no coração de Deus e deve arder no nosso.


“Este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações; e então virá o fim.” — Mateus 24:14


Isso não é apenas um cronograma — é um mandato. Não é especulação sobre impérios. Não é identificar o Anticristo. A volta de Cristo depende da proclamação global. Simpson via a história como o campo de Deus para a semeadura do evangelho, e a Igreja como os trabalhadores — não por conquista ou mero humanitarismo, mas por meio da proclamação do reinado de Cristo em poder, palavra e Espírito.



Para Além dos Gráficos: Uma Cosmologia de Shabat


Isso contrasta fortemente com grande parte do discurso pré-milenista atual, enredado em literalismos especulativos e impasses doutrinários. Na verdade, o termo pré-milenismo merece ser repensado. Simpson ficou mais próximo dos quiliastas da Igreja primitiva, que aguardavam um reinado real e encarnado do Messias — não como dominação, mas como restauração pactual descrita pelos profetas — e talvez não por mil anos literalmente.


Nossas categorias escatológicas modernas — “milênio”, “arrebatamento”, “tribulação” — são muitas vezes moldadas mais por quadros pós-iluministas do que pelos profetas bíblicos.


O amilenismo de Agostinho foi simbólico, mas enquadrado em uma eclesiologia questionável e certamente supersessionista. O dispensacionalismo posterior dissecou a história em épocas. Simpson contornou ambos e, creio, por seu amor ao povo judeu ele estaria mais alinhado ao ritmo hebraico do tempo sagrado.


Na cosmovisão judaica, o tempo se desdobra em seis “dias” de trabalho seguidos por um sétimo — o Shabat do Senhor. A Era Messiânica não é meramente um marcador de mil anos, mas a culminação redentiva da história da aliança.


Reformular “pré-milenismo” como “pré-era messiânica” capta essa visão com mais fidelidade. Os “mil anos” em Apocalipse podem significar não uma duração precisa, mas o caráter da era — uma era marcada por testemunho, sofrimento e perseverança. (Ou, como sugeriu o sábio judeu Saadia Gaon, pode haver aí um discernimento específico.)


De todo modo, é a era da qual os mártires emergem — não apenas cristãos, mas também judeus, cujo testemunho permeia a visão de João ao longo dos capítulos do Apocalipse — sempre com o Cordeiro no trono.



O Remanescente de Simpson e o Apocalipse de João


Em The Coming One, Simpson escreveu:


“Ambos encontram seu cumprimento histórico no pequeno número de fiéis que sempre existiu até mesmo nas eras mais sombrias da corrupção medieval… Sempre houve um pequeno rebanho, do qual Ele diz: ‘Eles serão meus no dia em que eu fizer as minhas joias.’”


Essa visão de remanescente inclui os 144.000 selados do Apocalipse — não meramente como metáfora teológica, mas como um remanescente pactual de Israel. É uma testemunha da fidelidade judaica através do sofrimento, do exílio e, muitas vezes, da não-violência — desde os primeiros séculos de conquista islâmica, passando pela resistência da Idade Média, até as complexas lutas do sionismo moderno.


Esse remanescente evoca as parábolas do Tesouro e da Pérola, onde o que é oculto e precioso é preservado por meio de provações. A escatologia não pode ser reduzida a um cronograma plano ou a um esquema simplista — ela exige profundidade, memória e imaginação pactual.


👉 O Messias às Portas de Roma: Exílio, Cura e o Limiar da Redenção


Talvez o Milênio mencionado no Apocalipse não seja uma “palavra em sequência”; talvez já estejamos na batalha final de Gogue e Magogue?



Com Quem Ele Reinará?


Isaías 63 nos dá a imagem surpreendente do Que vem de Edom, com vestes tingidas de sangue, “poderoso para salvar”. Para muitos intérpretes cristãos, isso se reduz a uma figura de juízo final. Mas, à luz da Torat Edom, a profecia se reabre: Edom não é simplesmente destruído, mas transfigurado como parte do plano redentivo de Deus.


Aplicada a Jesus de Nazaré, isso se torna decisivo. O reinado do Messias não se exerce isolado de Israel ou à custa de Edom, mas em uma união misteriosa onde Jacó e Esaú encontram seu lugar. A questão não é apenas quando Cristo volta, mas como Ele reina — e com quem.


A. B. Simpson compreendeu isso. Entendeu que a unidade com o povo judeu não era um apêndice da profecia, mas o centro do mistério escatológico. Para ele, a volta do Rei estava vinculada à reconciliação das nações com Israel, ao enxerto dos gentios na oliveira cultivada e à cura de antigas inimizades.


Assim, o Guerreiro-Redentor de Isaías torna-se não só o Juiz das nações, mas o Servo que reina em comunhão restaurada — Israel no centro, as nações ao redor, e a transformação de Edom como sinal de que nenhuma ferida, por mais antiga, está além da redenção.


👉 A. B. Simpson: Sionista Espiritual, Aberto ao Mistério


Mas de que unidade estamos falando? Simplesmente enxertar judeus messiânicos nas categorias protestantes? Ou algo mais profundo — uma reconciliação com a própria narrativa judaica, e uma parceria que cumpre as promessas de Deus a Israel e às nações?


O último capítulo de Isaías é claro:


“O céu é o meu trono e a terra o estrado dos meus pés… Que casa me edificareis?” — Isaías 66:1


A visão final não é um templo de pedra nem um reino de coerção, mas a descida da presença divina — um reinado de justiça, humildade e cura. É uma visão enraizada nos profetas hebreus, onde tanta coisa ainda permanece por realizar.


Textos como Isaías 2, 19, 63 e 66, além de Miquéias 4, oferecem um horizonte mais amplo e redentivo do que muitos esquemas apocalípticos extraídos da imagética histórica de Daniel.



O Reino Precisa ser Pregado


É por isso que Simpson resistiu à ideia de que o Reino viria meramente por educação, ajuda médica ou elevação cultural. Em Larger Outlooks on Missionary Lands, ele alertou contra a crença de que a melhoria social poderia substituir a proclamação do evangelho.


“Não cremos que este seja o ponto de vista bíblico das missões… Se quisermos fazer um trabalho eficaz, certamente precisamos compreender e trabalhar em harmonia com o plano do nosso grande Líder.” — A. B. Simpson


Sim, o Reino precisa ser modelado. Mas também precisa ser proclamado. Não é ou/ou, e sim ambos. A Igreja jamais deve esquecer que a proclamação é o motor do cumprimento.



Uma Profecia que Responde à Dor da História


A visão missionária de Simpson — e a profecia de Jesus em Mateus 24:14 — revelam não apenas o porquê do longo arco da história, mas o que fazer agora na missão da Igreja.


Não somos chamados a esperar o mundo queimar.


Somos chamados a trazer o Rei de volta!


Esta é a profecia que responde ao anseio da criação. Declara que até o atraso é misericórdia — e que cada ato de fidelidade ao evangelho aproxima o Reino.


Deste monte, vislumbramos o fim: não extinção, não colapso — mas Reino.


Até aquele dia, o mandato é claro:

Pregar. Proclamar. Exibir. Declarar sem cessar!


Prepare o mundo para o Vindouro.


Não nos limitemos a dizer “Ele vem em breve.”


Vivamos — como Simpson — de modo que o mundo saiba:


Ele pode vir hoje. Maranata!



Fontes

Franklin Pyles, The Missionary Eschatology of A. B. Simpson. (Leia aqui)

A. B. Simpson, The Fourfold Gospel. (Download em PDF)

A. B. Simpson, The Coming One, pp. 32–33.

A. B. Simpson, Larger Outlooks on Missionary Lands (1895).



Simão Cefas “Pedrinho”


Roma cativa os sentidos, com Mateus 16:13-20 reluzindo em ouro do Peru ao longo do perímetro imponente da Basílica do Vaticano, sob a majestosa cúpula e Pietà de Michelangelo na entrada. Mas será que os evangélicos compreenderam verdadeiramente o significado desta passagem?


Muitos interpretam a confissão de Simão Cefas como a principal divisão entre Roma e o protestantismo. No entanto, essa leitura ignora uma perspectiva hebraica crucial — em especial, a inserção do termo Petter (Petra), um trocadilho frequentemente encontrado no discurso talmúdico a respeito de Cefas como “a rocha”. Essa imagem remete à absorção, na época dos macabeus, de Edom, Petra e os nabateus — agora incorporados nos herodianos e em Roma.


Quando Simão Pedro, uma ovelha perdida de Israel redimida, se levantou em Cesareia de Filipe, ele não estava apenas enfrentando contextualização religiosa, mas um sincretismo total, cercado de templos pagãos ao pé do Monte Hermom — o pico mais alto da Terra Santa. Esse monte, outra “grande rocha”, tem papel central nas tradições apócrifas judaicas, especialmente nos Livros de Enoque, onde ganha uma vida mística própria.


A revelação de Deus sempre enfrentou a luta humana contra o pecado e a idolatria — desde as origens apóstatas de Abraão em Ur dos Caldeus até os impérios religiosos do Egito, Babilônia e Pérsia. Isso se estende ao cunhado de Esaú, Nebaiote (Gênesis 25, 28, 36), cujo nome significa profeta e que está associado ao Petter Chamor — o primogênito do filho de Abraão, Ismael. Com frequência visto como “semente má”, o linhagem de Ismael na verdade representa uma trajetória missiológica voltada à redenção do erev rav (“a multidão mista”) — de onde deriva o termo árabe.


A herança de Isaque, porém, carrega adiante os oráculos divinos. Em Gálatas 4, Paulo usa Hagar e a Jerusalém Celestial para ilustrar o destino último da semente da promessa, destacando sua disponibilidade a todos os povos. Esse tema se reforça na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, montado em um jumento.


Ao contrário do Ocidente, onde os jumentos se tornaram símbolos de estupidez, na tradição judaica eles eram valorizados por sua inteligência e lealdade como companheiros de viagem. De fato, o jumento é o único animal “contaminado” (tumah, não “impuro”) que é santo o suficiente para o Pidyon haBen (a redenção do primogênito) conforme descrito em Êxodo 13.


Assim, quando Jesus fez o trocadilho Petter sobre Cefas, Ele estava identificando Pedro — outrora um pecador endurecido (Lucas 5:8) — como alguém tornado santo pela isenção do primogênito (Petter), separado para as ovelhas perdidas da edah (congregação). Essa transformação estabelece Pedro como um dos pilares da Igreja do Novo Testamento.


Contudo, isso não anula a repreensão de Paulo a Pedro por suas tendências etnocêntricas (Gálatas 2). Embora Pedro compreendesse seu papel em levar o evangelho a Cornélio (Atos 10), seu afastamento da mesa dos gentios em Antioquia revela uma luta contínua com a observância judaica do Qahal (assembleia).


Suas ações — talvez uma tentativa de evitar o “judaísmo forçado” — ilustram a tensão permanente entre o discipulado judaico (talmidim) e a inclusão dos gentios. Isso também pode esclarecer a menção de Pedro ao “pesado jugo” em Atos 15. Tais desenvolvimentos teológicos sutis do Novo Testamento foram, mais tarde, cooptados pela cristandade, de forma que obscureceram o contexto judaico original.



Rashi e o Enquadramento Noahida


O comentarista talmúdico medieval Rashi (século XII) oferece uma observação instigante: ele sugere que os apóstolos influenciaram deliberadamente sua cultura a fim de orientar a fé Notzri (cristã) para longe do judaísmo, moldando-a em um modelo noáquico messiânico.

Mesmo assim, Rashi afirma que eles não eram hereges, mas agiram em benefício do povo judeu.


Reforçando esse conceito, a palavra hebraica Petur — que significa primogênito redimido — também carrega o sentido de isento. Essa descrição se ajusta ao papel de um Petter Chamor, um Baal Teshuvá (aquele que retorna à fé), guiando os peregrinos noáquicos messiânicos, como Cornélio.

Nesse sentido, Simão bar Jonas deu continuidade à tradição da revelação divina às nações.



O Verdadeiro Testemunho de Pedro em Roma


Talvez o testemunho mais duradouro da presença de Simão Pedro em Roma não seja a Basílica que leva seu nome, mas sim o Grafite de Alexámenos, no Monte Palatino — uma antiga gravura representando um homem adorando uma figura crucificada com cabeça de jumento.


Os estudiosos afirmam que isso pretendia zombar dos primeiros cristãos, comparando seu Deus a um demiurgo egípcio.

No entanto, o jumento — um animal impuro, mas “kosher” em sentido simbólico — recorda a forma como a missiologia judaica operava no Tanakh e na Septuaginta, utilizando animais alegóricos como instrumentos pedagógicos.



A Pergunta Final


Por que o padrão da cruz

aparece gravado no dorso do jumento?